Um lugar para pensar

By Sara Carvalhal - novembro 15, 2019

 Um lugar para pensar


Se há ideia que pauta os meus dias é a de que as vidas não são, nem têm de ser, todas iguais. Cada um sabe o que é melhor para si e, entre o que se deseja e o que se negoceia com a vida, a nossa vida vai acontecendo.

A vida vive-se vivendo.

E se o conceito de ideal de vida de cada um deveria ser questionado, também o modo como nos dedicamos a definir os nossos objectivos e aquilo que fazemos no dia-a-dia deveria ser tema de reflexão.
Caímos em frases que mais não são do que clichés e sem darmos conta, estamos a repetir padrões ou estratégias que já foram adequadas para nós, para a nossa família ou até mesmo para a nossa equipa.

Cada um sabe o que é melhor para si, em especial, se tiver uma postura de questionamento constante e, na minha óptica, trata-se de um óptimo preditor de saúde mental.

Na actualidade, a vida como a conhecemos é uma amálgama de papéis e tarefas pelas quais nos responsabilizamos ao longo de um dia, pelo que não me surpreende a facilidade com que propostas de resolução rápida, se propaguem pelos vários contextos de vida, nomeadamente, na Saúde.

Os dias estão cheios de ruído e o pensamento esse, em detrimento de ter lugar para poder fluir, parece-me saturado.

Em Psicologia há um conceito chamado "acting" que no dia-a-dia citando Roudisnesco mais não é que "(...) um disparate destinado a evitar a angústia.". Não podendo pensar, mais vale esquecer. Não colocamos em palavras e fazemos algo, qualquer coisa, que não é pensada mas que nos permite avançar. Que delicado é este avançar sem pensar.

Uma vida onde o pensamento tem pouco lugar ou se encontra muito saturado, é uma vida onde a acção tem grande probabilidade de se sobrepor e onde se age em vez de colocar símbolo ou palavras, não se assegura a tranquilidade de que os dias se devem revestir. Sem tranquilidade para pensar, não adequamos soluções aos problemas que os dias inevitavelmente nos colocam e não há espaço para expandir a nossa vida mental e, por conseguinte, os horizontes que pautam a nossa realidade.

Como fazer diferente?

Podemos munir-nos de agendas, bullet journals ou listas de tarefas, mas sem pensamento estas reflexões e registos mais não são que rabiscos.

O que queremos fazer? Como fazemos? De que forma podemos fazer melhor?


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