Por que razão desejamos e em Fevereiro já não nos lembramos dos nossos desejos?
By Sara Carvalhal - dezembro 09, 2019
Por que razão desejamos e em Fevereiro já não nos lembramos dos nossos desejos? |
"- Se conhecesses o Tempo tão bem como eu conheço - disse o Chapeleiro -, não falarias em gastá-lo, como se fosse uma coisa. Ele é uma pessoa. (...) Eu e o Tempo zangámo-nos no último mês de Março... pouco antes de ela enlouquecer..., sabes de quem falo (e apontou para a Lebre de Março com a colher de chá)... foi no grande concerto dado pela Rainha de Copas e eu tinha de cantar (...) Ora bem: mal eu tinha acabado de cantar a primeira quadra - continuou o Chapeleiro -, quando a Rainha deu um pulo e berrou: "Ele está a assassinar o tempo! Cortem-lhe a cabeça!".
- Que selvajaria! - exclamou a Alice.
- E, desde então - concluiu o Chapeleiro num tom de lamento -, ele não faz nada do que eu lhe peço! Presentemente, estou sempre nas seis da tarde!
Uma ideia brilhante veio à cabeça da Alice:
- E é por isso que a mesa ainda está posta para a hora do chá? - perguntou.
- É, é por isso - respondeu o Chapeleiro com um suspiro."
(Carroll, L., "Alice no País das Maravilhas").
Quando penso nas resoluções de fim de ano e na passagem de ano, por alguma razão, é esta a imagem que me ocorre: o chá sem fim do Chapeleiro da "Alice no País das Maravilhas".